Capítulo 1 - Último dia de aula

– Eu te amo tanto – Josh diz rindo torto.

 Sinto seus lábios ficando próximos aos meus, sua respiração ficando mais acelerada e… “You’re insecure, don’t know what for, you’re turning heads when you walk through the door…”

 Acordo em um sobressalto, prestes a jogar meu celular pelos ares. Despertador maldito, bem na hora em que eu e Josh iríamos finalmente nos beijar.

– Gabby, já acordou? – o grito de minha mãe me faz voltar a realidade.

– Sim – grito de volta.

– Então se arruma rápido que o café está pronto.

– Já desço mãe – digo querendo voltar a dormir. Encosto a cabeça no travesseiro, cinco minutos não farão mal algum.

– Gabbriely Phyllipsen! – Merda. Levanto e encontro uma mãe me encarando bem brava a entrada de meu quarto.

– Oi mãe – sorrio.

– Oi, Gabbriely? Oi? – ela diz ainda gritando – Você faz ideia de que horas são?

– Mas eu…

– Não me interrompa – ela eleva um pouco mais a voz, que ótimo começo de uma sexta-feira – Já faz mais de meia hora que te chamei, agora eu vou ter que te levar pra aula. Viu como você complica as coisas?

– Desculpa, não vai se repetir – é claro que eu complico as coisas, sempre eu nessa casa.

– Agora se arruma que eu já estou atrasada – e sai resmungando sobre algo, provavelmente sobre mim.

 Pego a primeira roupa que vejo – uma camiseta cinza com estampa do Mickey e um jeans desbotado – e meu converse. Amo o fato de ser o último dia de aula, odeio usar uniforme.

 Estou descendo as escadas e escuto a buzina. Meu Deus mãe, não sabe esperar? Entro no carro sorrindo, por algum motivo estou feliz. Talvez por que verei meu pai hoje. Meu pai é o tipo de pai que toda garota gostaria de ter. Ele sempre me escuta com atenção, me protege, nunca reclama de meus gostos e definitivamente sabe comprar os presentes certos.  Da última vez que viajou, me comprou um lindo colar de âncora. Ele sabe que sou um pouco totalmente obcecada por âncoras.

 Passo todo o caminho até o colégio escutando músicas em meu Ipod. Demi Lovato, Jonas Brothers, Taylor Swift, The Beatles fazem parte da minha playist, não se esquecendo, é claro, de Lola Mouer, minha cantora favorita. Ela é um ano mais nova que eu e é ultramegasuper talentosa. Um dia serei como ela, criando músicas incríveis e fazendo shows pelo país. Já escrevi algumas músicas, mas o único que já as escutou foi meu irmãozinho Lukas. Pelo menos ele gosta, já é melhor que nada.

– Tchau mãe – dou um beijo em sua bochecha – Valeu a carona.

– Boa aula meu bem – ela diz como se nada tivesse acontecido. Às vezes acho que ela é bipolar, mas toda mãe deve ser assim.

 Desço do carro e ando corro até Sophie e Natalie, que estavam paradas me esperando. Eu amo aquelas gêmeas.

– Hey – digo abraçando-as.

– Oi – elas dizem ao mesmo tempo. Esse tipo de coisa me assusta ás vezes.

– Faz tempo que chegaram?

– Nops, chegamos agora – Sophie diz.

– Vimos você chegando e resolvemos esperar – Natalie completa. Aww não são uns amores?

 Vamos até nossa sala – que está completamente vazia – e sentamos em nossa mesa. É a primeira vez desde que entramos neste colégio que ficamos as três juntas na mesma sala. Logo Emmely chega e se junta a nós.

– Oi meninas – ela diz jogando suas coisas na mesa e se sentando de qualquer jeito.

 Emmely Fabris é uma das minhas melhores amigas. A maioria das pessoas não gostam dela por conta de sua esquisitices, mas eu a acho muito divertida. Não tem como não gostar de sua companhia.

 Passamos a manhã nos empanturrando de doces e salgadinhos – não se esquecendo do refri  – e assistindo The Walking Dead. Eu particularmente preferiria assistir CSI ou Friends, mas fazer o que, nem todos tem bom gosto. (Não me matem, eu gosto de TWD).

 Somos liberados a partir das 10h, então me despeço de minhas amigas.

– Vou sentir falta de vocês – digo abraçando a cada uma delas.

– A gente também vai – Emmely me abraça. Vou sentir falta dela. É claro que ainda vamos nos encontrar, mas não será a mesma coisa agora que terminamos o terceiro ano. Nada de nos vermos toda manhã, nada de dançarmos e cantarmos feito loucas no intervalo. Nada de Emmely.

 Me despeço mais uma vez e caminho em direção a saída – adeus colégio – mas Emmely me abraça esmaga mais uma vez.

– Continue escrevendo.

– Pode deixar – digo me afastando. Não costumo chorar, mas não estava me segurando. Droga, odeio o último de aula.

 Ando algumas quadras e recebo uma mensagem.

 “Nova mensagem – Emmely Frabris

 ‘Já estou com saudades, Gabby Hutcherson’”

 Gabby Hutcherson. Não posso deixar de rir da mensagem. Emmely me chama assim devido a eu ser totalmente apaixonada pelo ator Josh Hutcherson. Também, como poderia não ser? Ele é P-E-R-F-E-I-T-O.

 O toque de meu celular me tira de meu momento Josheu. Mãe, por que você sempre faz isso comigo?

– Oi mãe.

– Onde você está? – ela diz impaciente.

– Eu estou bem, obrigada por perguntar – sim, eu sou a rainha da ironia e do sarcasmo – estou descendo aí, por quê? – minha mãe é dona de uma loja de roupas, para quem não sabe.  E meu pai de um restaurante bem chique.

– Não, vai pra casa ficar com o Lukas – obrigada mãe, agora vou ter que refazer todo o caminho – E eu só vou poder voltar a tarde, então prepare o almoço – Yeaaahh, macarrão com queijo!!

– Certo, até depois.

 Volto para casa correndo e encontro Lukas no meu quarto, jogando Guitar Hero, é claro. Não entendo seu vicio naquele jogo.

– Hey.

– Oi – ele diz sem tirar os olhos da tevê.

– A mãe não vai vir pro almoço hoje, então você vai me ajudar a preparar. No mesmo instante ele pausa o jogo e me olha com os olhos brilhando.

– Macarrão com queijo? – afirmo com a cabeça, sabia que ele iria adorar a ideia.

 A tarde passou incrivelmente rápida. Estávamos assistindo Ponte para Terabítia quando minha mãe aparece à entrada do quarto.

– De novo esse filme? Já viram quantas vezes, vinte, trinta?

– Dezessete e meio – Lukas diz e ambos rimos.

– Certo, certo – ela diz rindo conosco – Depois vocês completam dezoito, agora quero que se arrumem que o pai de vocês está quase chegando.

 Minha mãe mal termina de falar e Lukas já está em seu quarto se arrumando. Ele também está louco para ver nosso pai. Tomo um banho rápido e me vejo parada em frente ao guarda roupa. Tem coisa pior que ficar em duvida de que roupa vestir? Depois de uma meia hora (certo, foram apenas cinco minutos) decido usar um vestido e um salto na cor azul marinho. Eu sei, parece chique apenas para buscar meu mai no aeroporto, mas nós iremos jantar depois.

 Chegamos ao aeroporto e eu aproveito para ler a fic de Melissa Campbell pelo celular. Ela escreve realmente muito bem e me faz ficar tipo, muito iludida. (Leiam: On Stage ).

 Não demora muito e meu pai chega e seguimos para o restaurante. Sentamo-nos em nosso costumeiro lugar – uma mesa reservada ao fundo do restaurante, um lugar bem tranquilo para se comer.

– Lukas eu trouxe uma coisa pra você – ele diz estendendo um pacote.

 Ele abre arranca o pacote e descobre um lindo Ponte para Terabítia. Se o Lukas gostou do livro? Ele A-D-O-R-O-U. Até eu amei.

 É claro que eu ganhei um presente também. E que presente. É uma camiseta com o rosto do Josh estampado nela.

– Onde você achou? – digo depois de babar por meio século.

– Eu mandei fazer especialmente pra você – ahhhhhhh eu amo meu pai – Sabia que iria gostar.

– Thanks, eu nem sei o que dizer… Sabe, eu senti saudades, tipo, muito.

– É muito chato quando você viaja pra fora do país e a gente não pode ir junto – Lukas diz chateado.

– Eu sei – ele diz sorrindo. Como ele pode sorri num momento desses? – É por isso que tenho uma novidade.